terça-feira, 9 de outubro de 2007

Como diferenciar sabão de roupa de desinfetante de pia em holandês?

A vida tomou ritmo. Neste último mês a poeira baixou um pouco e passei a sentir mais o dia a dia daqui, a observar mais o ambiente e o comportamento das pessoas. E também a sentir mais minhas próprias reações e sentimentos nestas novas terras. Neste tempo, por cerca de umas duas semanas, invoquei com a questão da língua. Ir ao supermercado comprar sabão para roupas, ou tomar um ônibus para um lugar novo passaram a custar uma energia além do normal! Você não entende o que está escrito nos rótulos, não tem certeza do que está comendo, não consegue diferenciar os produtos de limpeza, não tem idéia do que os sinais ou placas querem dizer, e além disso, em Maastricht nem todo mundo na rua consegue falar em inglês com você. Por sinal, nem em holandês os próprios holandeses das outras províncias conseguem se comunicar bem com o pessoal local. Maastricht é a capital da província de Limburg, sul da Holanda, e aqui eles têm o dialeto deles. Aliás, situação que acontece em outras partes da Holanda, os habitantes de certas regiões fazem questão de falar seu dialeto e de não fazer muito esforço em falar holandês. Pode? Um país tão pequenino ter tanta heterogeneidade de linguagem. Fico pensando no Brasil, tão grandão, e todo mundo se entende de norte a sul. Mas apesar deste período de mal estar, de às vezes me sentir num filme mudo sem legenda, eu acho o idioma holandês muito bonito, e aos poucos sinto que estou começando a entender alguns fragmentos de conversas, e fazendo algumas conexões aqui e ali. Eu realmente não vejo a hora de iniciar um curso, aprender as estruturas básicas e começar a me arriscar com os nativos – mas só com os de Amsterdam!! ;-)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Welcome to Holland

Ainda nao contei sobre a festa surpresa de “Welcome to Holland” que Peter organizou para mim. Foi na primeira sexta-feira, um dia apos minha chegada. Ele me preparou o dia todo dizendo que a gente iria sair para jantar a dois num lugar bem bacana para comemorar minha chegada. No entanto eu estava um tanto desconfiada de que tinha algo “por tras” desta historia ja que o celular nao parava de tocar e, ele nao sabia hehe, que eu ja consigo entender alguma coisa dessa lingua secreta! Mas na minha imaginacao, eu desconfiava que ele estava marcando um encontro num bar ou clube com os amigos apos nosso jantar, ou algo do genero. No fim da tarde, saimos de casa e fomos caminhando ate um determinado ponto, onde Peter disse que a gente deveria esperar um momento. Alguns minutos e chegava um barco, um barco-taxi, que levaria a gente ate o restaurante. Passeamos de barco pelos canais por uns 30 minutos, num clima de romance vendo o por-do-sol... quando entao escuto alguem gritando meu nome. Me viro e vejo Natascha (Tas), amigona do Peter, acenando para mim. Ah? O barco vai chegando mais perto e nao vejo apenas Tas, mas um monte de carinhas conhecidas!! Meu deus!! Estava todo mundo la! Era uma festa surpresa para mim :-D :-D :-D . Foi uma alegria enorme, indescritivel. A Tas preparou uma faixa estilo “Miss Holland” e me corou assim que eu sai do barco. Em coro, todos repetiam: “Welcome to Holland!” Foi muuuuito bacana.



Depois de ver todos os amigos queridos, me disseram que tinha algo dentro do bar para mim. O Jeroen (leia-se “iurun”), marido da Tas, fez um discurso de boas-vindas em nome de todos e me presenteou com uma chave, explicando que eram as chaves de algo fundamental para minha nova vida na Holanda. Atras dele, um estrutura de metal coberta com um tecido preto. Ja dava para desconfiar! Ganhei uma bicicleta!!! Minha omafiets!!! Junto com a bike tambem me deram uma daquelas cestinhas para colocar na frente, uma busina fashion, uma corrente com cadeado, um kit para consertar pneu furado, e claro, uma capa e um guarda-chuva. Para completar ganhei umas pantufas de wooden shoes (Fique tranquila, Ana, vou usar apenas para ficar em casa aos domingos hehe ;-)



Foi uma noite incrivel, muito feliz, e eu verdadeiramente me senti bem-vinda, em casa. Dei minha primeira pedalada, e em seguida voltamos de bicicleta para casa, Peter guiando e eu na garupa ;) - aqui eh super comum pegar carona de bicicleta, sentada atras com as perninhas juntas de um lado so. Nao eh romantico!?! Se voce nao faz isso desde crianca (como todos aqui), tem que treinar um pouco para conseguir subir na bicicleta com ela ja em movimento, e sobretudo confiar no condutor (depois de uma festa entao, so mesmo se for holandes!! :) :) :)




Sera que depois de tudo isso nao me isentam do exame de integracao civica?!?

sábado, 8 de setembro de 2007

Minha primeira semana em Maastricht

Esta foi minha primeira semana em Maastricht. Tenho um apartamento sub-locado bem bacana, com tudo o que preciso e que fica num bairro tranquilo e arborizado (sera que existe algo diferente disso em Maastricht? ;-). Ontem fui a pe pela primeira vez para a universidade e foi bem gostoso andar pelas ruas tranquilas, vendo as casinhas fofas com flores na janela. Tambem gostei de fazer uma caminhada, ja que tenho passado longas horas sentada, estudando, lendo, trabalhando. O curso comecou esta semana e temos cerca de 100 a 200 paginas para ler para cada seminario, 3 por semana. No total sao 10 horas semanais com o grupo, mas a gente precisa de pelo menos mais 15 para ler e preparar todo o material para os seminarios. Estava desacostumada a tanta leitura mas estou gostando da sensacao de colocar o cerebro para funcionar novamente! Tambem estou tendo que me organizar cuidadosamente para dividir meu tempo entre as leituras e o trabalho com a DNDi durante a semana. Por conta disto, nao estou inventando nada extra por enquanto. Sinto falta de correr – faz 3 semanas que nao me exercito! – mas prefiro ir acrescentando outras atividades aos poucos, ou na medida que for possivel. Pelo menos, nos fins de semana a gente sempre sai para dancar, entao os musculos hao de sobreviver!
No curso somos em 16, metade homem, metade mulher. Eu sou a que vem de mais longe, seguida de uma canadense. Quanto aos outros, 6 sao holandes, 3 alemaes, 1 polonesa :-), 1 bulgaro (pucaro?? Flipetes, socorro!!), 1 francesa, 1 vindo da Letonia e 1 vindo de Cipros (ok, google image nessa hora).

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Colocando a vida em ordem

Minhas primeiras duas semanas na Holanda foram exaustivas. Pela primeira vez estava em Amsterdam nao apenas para me divertir e encontrar amigos, mas cumprindo uma serie de compromissos formais e legais para obter minha licenca de residencia, abrir conta em banco, e entender minimamente como o sistema funciona aqui. Com a ajuda de Peter – passamos horas na internet e ele ao telefone para descobrir onde ir, com quem falar, o que fazer, conseguimos ter certeza de que alem de cumprir todas as formalidades imediatas, coletavamos tambem informacoes importantes de como proceder quando minha licenca de residencia terminar, daqui a um ano. Na Holanda, a licenca de residencia para imigrantes dura sempre um ano, sendo renovavel. No meu caso, o primeiro ano fica por conta do mestrado, mas a partir de entao o motivo passara a ser nossa uniao. So que para isso, nao vai ter jeito, vou ter mesmo que passar pelo inburgeren, exame de integracao civica sobre cultura, historia, economia e politica holandesas, alem de conversacao basica, TUDO em holandes. Ha cerca de dois anos, a Holanda deixou de ser um dos paises mais liberais em termos de imigracao passando a ser possivelmente o mais exigente na Europa para novos residentes. Muito bem, sendo assim, ja esta na agenda um curso intensivo de holandes assim que as aulas do mestrado terminarem, em marco.

sábado, 18 de agosto de 2007

Preparativos

Resolvi iniciar um blog para contar, registrar e dividir minha vida na Holanda. Viver na Holanda nunca havia passado pela minha cabeca, ate que me vi apaixonada por um holandes, e encantada com o pais, com as pessoas, modo de vida e paisagens deste pequenino mas intenso pais. Na verdade, minha historia com os holandeses comecou ha muito tempo atras, quando ainda era crianca e iamos com a familia toda ao "Clube holandes" em Sao Paulo, onde moravam meus tios e primos. Me parece agora bizarro, mas na epoca nunca me perguntei porque eles moravam num clube, e ainda por cima holandes! O fato e que sem me dar conta, convivi com varios objetos e tradicoes holandeses durante a infancia, que depois de longos anos completamente esquecidos ressurgiram em minha vida, a exemplo do classico drops King, o granulado colorido para jogar em cima da manteiga, e os Speculaas (biscoito tipico feito com especiarias, gengibre e canela que eu adoro), enfim, bobaginhas ainda nao globalizadas que a gente so encontra por la. Foi uma alegria encontrar tudo isso no meu primeiro passeio num supermercado e me surpreender com a imagem afetiva que eu tinha guardada deles em alguma esquina da minha memoria.